Vivemos na era em que tudo é conteúdo e, mais do que isso, tudo pode ser história. Um café derramado pela manhã? Plot twist. Uma fila interminável no banco? Jornada do herói. Uma falha de sistema? O momento vulnerável que humaniza sua marca. Com um bom storytelling, até os tropeços ganham propósito.
Mas essa habilidade não é apenas encantadora. É estratégica. Contar boas histórias é o que separa marcas que vendem de marcas que conectam. E conexão é a nova moeda da atenção.
Só que aqui vai o alerta: se tudo pode virar história, também corremos o risco de romantizar o que não deveria. O storytelling é uma ferramenta poderosa, mas não deve ser um véu que esconde problemas reais por trás de uma narrativa bonitinha. Não adianta transformar um erro de logística em “uma entrega com alma” se o cliente ficou uma semana sem produto. A história precisa ter verdade, ou, no mínimo, transparência.
O bom storytelling, afinal, não é apenas estética. É ética também. Ele exige olhar crítico, escuta ativa e, acima de tudo, respeito pela inteligência do público. Usado com honestidade, transforma marcas em movimentos, produtos em causas, e consumidores em comunidade.
Então, sim: tudo pode virar história. Mas a pergunta mais importante é: essa história merece ser contada? E mais ainda: ela ressoa com quem escuta, ou só satisfaz o ego de quem conta?
Num mundo saturado de narrativas, talvez o verdadeiro diferencial seja escolher bem quais histórias contar e como.